MESTRE

O blog do Professor Reizinho

BEM-VINDO AO BLOG DO PROFESSOR REIZINHO

Lucineide Pereira Lima¹

Maria Odália Alves²



RESUMO: O presente trabalho se propõe a uma análise da obra A Confissão de Lúcio (1913), do escritor português Mário de Sá-Carneiro. Tal análise se restringe a semelhança existente entre os personagens principais – o escritor Ricardo de Loureiro e sua esposa Marta no tocante às suas personalidades que apresentam características de desilusão pela vida e pelo amor e a afinidade com a morte levando-os a loucura do suicídio. A da pertinência destas características como uma verossimilhança com a vida do autor. Além da relação destas características com o quadro O enigma de um dia (1914) do pintor grego Giorgio de Chirico.



Palavras-chave: Modernismo Português; similaridade; amor; loucura; suicídio.



“Marta mistura-se por vezes nas nossas discussões [...]. Curioso que a sua maneira de pensar nunca divergia da do poeta. Ao contrário: integrava-se sempre com a dele reforçando, em pequenos detalhes as suas teorias, as suas opiniões.” (SÁ-CARNEIRO, 1913, p. 22-3)



1 Introdução



Mário de Sá-Carneiro teve uma vida breve, viveu apenas 26 anos. Nasceu em Lisboa aos 19 de maio de 1890 e suicidou-se aos 26 de abril 1916, dois anos após a publicação de A Confissão de Lúcio, obra esta que trata também do suicídio. Filho único, após concluir os estudos secundários segue para Paris a fim de fazer o curso de Direito. De férias retorna a Lisboa, momento em que juntamente com Fernando Pessoa e outros autores Portugueses lançam um marco do Modernismo Português, a revista Orfheu, a qual teve duas publicações, a terceira sendo interrompida pelo seu trágico fim. Outros autores deram continuidade ao trabalho deste grupo de moços, porém os impressos receberam outras denominações. Mesmo assim, Sá-Carneiro ocupa um lugar apreciável na evolução histórica da Literatura Portuguesa. (MOISÉS, 2005)

O poeta apresenta muito de si na literatura. Massaud Moisés em A Literatura Portuguesa enfatiza que: “[...] tal a marca de individualidade e originalidade que imprimiu a tudo quanto escreveu. Seu caso pessoal condicionou-lhe a obra e esta corresponde a um registro vivo dele”. (idem, p. 248). Massaud ainda acrescenta que o poeta é sensível a tal ponto de levar o delírio da loucura e apresenta-se angustiante e alheio à vida. (idem).





Sabe-se que o modernismo português tentava se adaptar ao estilo europeu do século XX. Portugal vivia uma grave crise devido a Proclamação da Republica, e aos resquícios das Guerras Mundiais. Nesta ocasião o saudosismo do poeta Teixeira de Pascoas atraiu a Sá-Carneiro no intuito de superar a “iniciação saudosista” (MOISÉS, 2005). O estilo literário de Mário de Sá-Carneiro nos induz que ele está inserido no contexto do Romantismo ou do Simbolismo, no entanto, fazia parte do movimento modernista e adepto do Futurismo. Ao tempo que ele toma para si a idéia desta vanguarda européia, a nega ao mesmo tempo, por suicidar-se, interrompendo este futuro, por outro lado, pode-se pensar que acreditava tanto no futuro que o fez presente. (LOURENÇO, 1990).

A epígrafe de abertura extraída da obra nos transportará para o cerne do enredo construído por Mário de Sá-Carneiro. A tríade que é inerente à obra-vida do escritor português: Amor, Loucura e Suicídio traduzem-se não incidentemente em A Confissão de Lúcio, que poderíamos aqui chamar de uma autobiografia ficcional do poeta. Adiciona-se que na narrativa o autobiografado chama-se Ricardo de Loureiro, como se lê:

“Garanto-lhe, meu amigo, todas as idéias que lhe surjam nas minhas obras, por mais bizarras, mais impossíveis – são, pelo menos em parte, sinceras. Isto é: traduzem as emoções que na realidade me ocorreram sobre quaisquer detalhes da minha psicologia. Apenas que pode suceder é que, quando elas nascem, já vinham literalizadas...” (SÁ-CARNEIRO, 1913, p.140).



Entretanto, a semelhança da epígrafe não se remete ao autor, - Mário de Sá-Carneiro, mas decerto, a um dos seus principais personagens, Ricardo de Loureiro, adentrando na vida da figura dramática do também escritor, que aparece até certo momento da narrativa em perfeita sintonia conjugal com sua esposa Marta.

A história ocorrida entre Lisboa e Paris, nos alude aos lugares que o autor viveu fato que pode ser novamente atribuído a autobiografia, haja vista, contada em primeira pessoa pelo narrador-personagem: Lúcio Vaz. Isto implica que, no início da trama o leitor é induzido a crer na relação identitária entre Lúcio e o autor Sá-Carneiro.

Os protagonistas Ricardo e Lúcio são apresentados em Paris durante o enredo, não são amigos de infância, porém tornam-se mais tarde e apaixonam-se pela cidade das luzes. Repentinamente Ricardo resolve retornar para Lisboa sem comunicar ao amigo, e numa atitude misteriosa, envia-lhe cartas informando que se casara. O mistério envolverá toda a contextura do romance, que analisaremos ao longo do texto, ao passo que o leitor vai perceber uma similaridade entre o casal (Ricardo e Marta), em que um é o outro.

1 comentários:

Já li vários textos do blog que gostei, mas este francamente além de não se encaixar com o perfil do blog não desperta nenhum interesse. Se a ideia de deixá-lo incompleto era provocar curiosidade no leitor não colou.
Só uma dica: EPIGRAFE é uma curta citação, um texto breve no início de uma obra, um pré-texto, logo "EPIGRAFE DE ABERTURA" constitui uma grande redundância.

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