MESTRE

O blog do Professor Reizinho

BEM-VINDO AO BLOG DO PROFESSOR REIZINHO

Educar  nos dias de hoje, não é o mesmo que educar há 40 anos atrás. A sociedade mudou  e as famílias também mudaram.  Tudo a nossa volta mostra-se com limites muito mais flexíveis e frouxos.  Assim temos hoje, a  indisciplina generalizada  e autorizada pelos  meios de comunicação, pela nossa cultura e pelas famílias.  Nós, os Educadores somos os únicos que ainda defendem os valores de 40 anos atrás.
Talvez sejamos um dos poucos segmentos, no planeta inteiro, que preza, ensina e cobra nas crianças e nos jovens, atitudes  pautadas  em princípios, valores e firmeza de caráter.
Seríamos nós ,  seres tão “jurássicos” e ultrapassados a ponto de sermos um dos poucos que rema e caminha contrário a essa crescente corrente de  corrupção, indisciplina, falta de moral, de princípios e  caráter ?
Somos aqueles que apontam, ensinam, corrigem, cobram , porém ao apontarmos estamos expondo a negligência e incompetência das famílias na correta educação dos filhos, negligência esta que tem um preço alto, e quem paga é a sociedade e todos aqueles que  nela vivem ou viverão.
Enquanto isso chegam nas nossas salas de aula, diariamente, crianças e jovens com seus fones de ouvido, seus celulares, seus comportamentos debochados e indisciplinados,  seu linguajar rude e desrespeitoso, que sentem-se autorizados, pela família (que não lhes deu a devida educação) e muitas vezes também pela Escola (quando não dispõem de mecanismos de gerenciamento efetivo dos espaços e na criação de normas disciplinares padronizadas para todos os professores) e dos Gestores (que  em muitos casos não oferecem o apoio e o respaldo que o professor precisa para que seja aplicada a devida correção).
O vilão da estória, causador de todas estas situações ?  é o Professor ! afinal é ele  que vive “pegando no pé” dos alunos, é ele que vive reclamando da indisciplina, é ele que sempre vem com aquela mesma “lenga-lenga” de que o aluno tem de desligar o celular, guardar o fone de ouvido, fazer a lição, fazer silêncio.
O resultado dessa negligência moral e da indisciplina autorizada é que o discurso do Professor, fica perdido, sufocado em um emaranhado  de percepções e valores controversos. As próprias famílias ensinam e estimulam que os filhos revidem e não levem “desaforos para casa”, os filhos por sua vez convivem com pais que gritam, se agridem física e verbalmente e  não são bons exemplos de conduta.
Assim fica fácil encontrar  o vilão , pois o único que destoa de tudo isso é  o Professor, e como tal  precisa ser visto como vilão da estória,  pois só assim todos os demais envolvidos se eximem da culpa e da responsabilidade por estarem negligenciando com seus deveres.
Os pais precisam culpar alguém pelo fracasso dos filhos, os alunos precisam achar um “Judas para malhar “ e alguns Gestores precisam de um bode  expiatório  para levar a culpa.
Será que esse papel  é  meu ?
Diz o ditado popular “ a voz do povo é a voz de Deus”, ditado esse que discordo veementemente.  Muitas vezes as pessoas se juntam, e se apoiam dentro de um único ponto de vista pois unidos em um grupo acreditam que suas atitudes são legitimadas.
Por esta razão não se engane em acreditar que você é o vilão da estória, só porque as famílias ou os alunos  precisam de um bode expiatório . Não caia no grupo da autocomiseração, nada de sentir “dodói”, querer abandonar a profissão, jogar tudo para o alto alegando que não vale a pena. Já dizia Fernando Pessoa: “tudo vale a pena se a alma não é pequena”.
Ao entrar em uma sala de aula, não devemos fazê-lo de forma ingênua ou despreparada. Não estamos lá apenas para dar aulas, ou cumprir o livro didático. É preciso que fique claro qual o seu real papel dentro do grande contexto que é educar.
O  que pode ser feito ?
Existem  algumas  maneiras de lidar com a indisciplina dentro da Escola:
1) tratar com indiferença e fazer de conta que não se importa e deixar “rolar”
2) obrigar os pais e alunos,  por meios legais ou com  medidas enérgicas e ameaças a tomar providências
3) não fazer nada e esperar outros  tomarem atitude 
4) mudar de  profissão devido ao esgotamento nervoso
5) criar estratégias para minimizar, contornar ou corrigir uma situação.


Rosely Brito

Educação tem de vir do berço e cabe a família responsabilizar-se por isso ! Se cada família praticasse esta máxima: Educar os filhos dentro de princípios morais e boas maneiras, com certeza não teríamos Professores frustrados e exauridos devido a falta de educação de muitas crianças e jovens.
Todos os dias em milhares de salas de aula espalhadas pelo Brasil e pelo mundo, crianças e jovens chegam ao ápice da malcriação destilando todo tipo de impropérios nas dependências da Escola e fora dela,  comunicando-se uns com os outros  aos berros de forma rude e irônica, tratando mal os colegas, Professores e demais Funcionários da Escola.
O ano começa, e é preciso deixar claro, para a Família e para o Aluno,  que o Professor não vai tolerar este tipo de comportamento. Mas para posicionar-se frente a esta questão, é preciso que o Professor saiba exatamente o que deve ser cobrado da Família e do Aluno no que refere-se a educação familiar e boas maneiras de convivência em grupo.
Tanto nas séries iniciais quanto nas Finais tratar de questões relacionadas a boas maneiras é um assunto delicado, pois perpassa na negligência do adulto, que neste caso é o Pai e a Mãe, que se omitem em ensinar o básico aos seus filhos, pois acreditam piamente que  cabe ao Professor dar esta educação também.
Ninguém quer um vizinho mal educado, ninguém contrata ou mantém um funcionário  ignorante no trato das pessoas, uma mulher não deseja casar-se com um homem rude e desprovido de tato e educação. Um Professor também não quer uma criança ou jovem desrespeitoso, mal educado e mentiroso como aluno.
É de conhecimento de todos os  Professores que devido ao fato da criança ou jovem chegar na Escola sem o mínimo de educação familiar, ocorrem uma série de problemas que desencadeiam a indisciplina e tumultuam o andamento das atividades na sala de aula, e que por esta razão, muitas vezes, inviabiliza que o aprendizado ocorra de maneira satisfatória.
Sob este ponto de vista seria apropriado dizer que, neste caso, os Pais são responsáveis pela  indisciplina e falta de educação dos filhos e portanto, devem ser responsabilizados por isso.
Reflita comigo, se as crianças e jovens chegassem com mínimo de educação trazida de casa, dada pelos Pais, boa parte dos problemas de indisciplina dentro da sala de aula estariam resolvidos. Esse mínimo de educação envolveria que o aluno soubesse seis questões básicas:
6 Princípios Básicos de Boas Maneiras que todos devem trazer do Lar:
1) Peça “Por Favor” , diga “Obrigado”, “Com licença “ e mantenha  sempre o controle emocional
2) Fale educadamente, sem usar gírias, palavrões, ou expressões de baixo calão
3) Trate com respeito todos a sua volta e jamais fale de alguém pelas costas
4) Jamais use de intimidação verbal ou física para conseguir o que deseja
5) Seja íntegro: sustente o que você diz e faz e enfrente sempre as conseqüências dos seus erros
6) Jamais use de mentiras, enganação e falsas acusações
Como acionar os Pais:
Todos os anos é quase impossível fazer com que, justamente os Pais dos alunos que mais dão problema, compareçam na Escola, porém aqui vão algumas sugestões para você já implementar no início do ano.
1)     Crie um novo Cartaz com esses 6 itens e acrescente  outros mais que você julgar necessários e que melhor se ajustem a sua situação e necessidade
2)     Afixe o Cartaz criado na sua sala de aula e  nos corredores
3)     Para a primeira Reunião de Pais prepare:
. Cartaz para ser entregue aos Pais
. Termo de Responsabilidade  do Comportamento e Disciplina do filho, pode ser usado como sugestão,o seguinte cabeçalho extraído do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente):
“ART. 4° – É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.  (ECA)
Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou responsável (no caso de negligência com relação a criança e ao adolescente):
I – encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à família;
II – inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
III – encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico;
IV – encaminhamento a cursos ou programas de orientação;
V – obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua freqüência e    aproveitamento escolar;
VI – obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a tratamento especializado;
VII – advertência;
VIII – perda da guarda;
IX – destituição da tutela;
X – suspensão ou destituição do pátrio poder
No Termo de Responsabilidade coloque também o nome de todos os alunos e ao lado deixe uma linha em branco, assim, após conversar com todos os Pais, eles devem assinar o Termo, dando ciência do que foi exposto.
4) Diálogo Amistoso: Na Reunião é preciso que seja debatido e esclarecido que cabe aos pais criar, educar e assistir seus filhos pois o cumprimento desses deveres leva a um desenvolvimento emocional, psicológico e social sadios dos filhos por meio da paternidade responsável.
É dever dos pais transmitir valores éticos e morais a seus filhos, através de ensinamentos e exemplos de vida, de forma a contribuir de maneira positiva no seu desenvolvimento e na formação de seu caráter e caso isso não esteja sendo feito devidamente, é preciso que eles saibam que serão responsabilizados civilmente.
5. Conselho Tutelar: Nesta reunião o Conselho Tutelar pode ser convidado debater em maior profundidade as responsabilidades das famílias em relação aos filhos. O Conselho Tutelar também deverá ser acionado caso a Escola constate negligência, por parte da família, em relação a educação dos filhos.
Diz o ditado popular ” Educação é bom e eu gosto” , complemento dizendo que  todos os Professores  também gosta, e agradecem !

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Bibliografia para consulta:
BRASIL. (Constituição 88). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília,Distrito Federal: Senado,1988.
BRASIL. Ministério da Saúde. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei nº 8.069, promulgada em 13 de julho de 1990. Brasília, 1990.
OLIVEIRA, José Sebastião. Fundamentos Constitucionais do Direito de Família. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002


Rosely Brito