MESTRE

O blog do Professor Reizinho

BEM-VINDO AO BLOG DO PROFESSOR REIZINHO

Os Professores que me perdoem, mas hoje, este artigo é estritamente direcionado às Professoras, que em sua grande maioria já são Mães, muitas vezes fazem o papel de Mãe na Escola e são, equivocadamente,  confundidas com Tias.
Não é de se estranhar que na profissão de Professor as mulheres compõem 81,5% do total de professores da Educação Básica do País. Em todos os níveis de ensino dessa etapa, com exceção da Educação Profissional, elas são maioria lecionando.  No final de 2010 existiam quase 2 milhões de professores, e dentre eles, mais de 1,6 milhão eram mulheres.

Conforme estudos sociológicos, a nossa sociedade associa a profissão de professor melhor adequada ao perfil das mulheres, pois conforme esses estudos, a mulher tem o perfil de ser mais atenciosa, delicada, meiga, paciente,etc. O mais interessante é que devido a este tipo de visão todos esses atributos estão também associados aos de uma mãe. No entanto para ser mãe, até a presente data, não precisa de nenhum tipo de qualificação e/ou formação acadêmica para o desempenho desta tarefa. Já para atuar como Professor, é necessário muito estudo, preparo e profissionalismo.

Mas qual o impacto que esta visão distorcida da realidade, acarreta no desempenho das Professoras ?  Afinal, se os alunos e os pais esperam que a Professora aja como uma mãe, você há de concordar que o papel da professora está totalmente desvirtuado, e o que é pior: é desconhecido pelos pais e pelos próprios alunos.

Os pais que esperam que a Professora dê a educação que os pais não estão oferecendo nem cobrando dentro de casa, tratam a Professora com descaso, desrespeito e a profissão como algo de menor valia. Afinal o próprio filho trata os pais desta forma.

O que esperar então dos alunos dentro da sala de aula ? Se eles não obedecem os próprios pais porque obedeceriam e respeitariam a Professora ? Afinal, a Professora só sabe falar…falar…. e falar? Reclama de tudo. Vive “pegando no pé deles” como a MÃE faz em casa. Então a saída encontrada é  fazer como eles fazem com a própria mãe: não dão ouvidos, ignoram  e continuam desrespeitando , proferindo impropérios, desobedecendo as regras, agindo de forma indisciplinada.
  
TIA NA SALA DE AULA:
O que fazer então quando a “Tia” incorpora na sala de aula ?
Paulo Freire (1997) afirma que “a tarefa de ensinar” não deve transformar “a professora em tia de seus alunos da mesma forma como uma tia qualquer não se converte em professora de seus sobrinhos só por ser tia deles. Ensinar é profissão que envolve certa tarefa, certa militância, certa especificidade no seu cumprimento enquanto ser tia é viver uma relação de parentesco”
É muito comum nas Creches e Séries iniciais (1º. Ao 5º. Ano) alunos tratarem a Professora por “Tia”, descaracterizando mais uma vez, sua profissão , não apenas perante os alunos, mas perante aos pais, reforçando desta forma a desvalorização da profissão e todo o esforço que se fez e ainda se faz para enaltecê-la.
Além do mais, ao ser chamada de “Tia” pode criar um vínculo ilusório de parentesco que na realidade não existe. Ninguém refere-se a nenhum outro profissional como “tio ou tia”. O que me leva, mais uma vez, a discorrer sobre o malefício que isso causa quando contribui para a desvalorização da profissão de Professor.
Você já imaginou uma “Tia” conversando com a mãe de um aluno ? É óbvio que as orientações que essa “tia” passará para tal mãe, não encontrará ouvidos receptivos, afinal porque levar em consideração o que uma “tia” fala ? Uma “tia” não tem o preparo e nem a formação para lidar com assuntos tão complexos. Uma “tia” geralmente emite apenas juízo de valor e portanto não precisam ser acatados como orientação segura.
Paulo Freire deixa claro: Você tem todo o direito de querer ser chamada de tia, mas não pode desconhecer as implicações escondidas nas manhas ideológicas que envolve a redução da condição de professora à tia.

PROFESSORA NA SALA DE AULA:
Quando Pais e Alunos exigirem de você a postura de Mãe ou Tia, deixe claro a que você veio e qual é a sua função. Se preciso for estampe as paredes com os seus Diplomas e  Certificados que atestarão, quando a sua fala e sua postura não forem suficientes, a sua competência técnica para estar ali, naquela sala de aula, exercendo a sua profissão.

Aproveite também para estampar na parede ao lado o que você espera da Mãe e da Tia, que estão em casa.  
Para vocês que são Professoras e que também são Mães aqui vai um alerta: Dentro da Sala de Aula jamais entre como Mãe ou Tia. Dentro da sua casa, jamais incorpore a  Professora.
Compartilhe no Blog ocorrências da sua sala de aula onde os Pais exigiram mais a postura de “Mãe” ou “Tia”  e como você resolveu a situação.

BIBLIOGRAFIA:
FREIRE, Paulo. “Professora sim, tia não”. São Paulo: Olho d’Água, 1997.

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